EDITORIAL
A contratação de uma suposta falsa médica pela Secretaria Municipal de Saúde de Barra do Corda, reacende a polêmica de onde começa e onde termina a responsabilidade dos gestores municipais, responsáveis por este tipo de contrato.
Na maioria das vezes, são contratos à margem da lei, onde o gestor tenta passar para a população uma imaginável preocupação com a saúde do povo do seu município; e para isso, tem que recorrer a este tipo de expediente contrário à legislação em vigor no País.
Uma preocupação que vem se mostrando ser mais um arranjo político com o intuito de beneficiar amigos e aliados políticos, do que um cuidado propriamente dito, com o cidadão que integra a camada mais pobre da sociedade e espera receber em troca, o mínimo do muito que contribui para a nação com o pagamento dos seus impostos.
Como é de conhecimento de todos, nos últimos anos, muitas famílias têm enviado seus filhos para Países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Argentina para estudarem Medicina. Os motivos são os mais variados; entre eles, cursos mais acessíveis financeiramente – o que não é nada barato no Brasil – e a dispensa da prova de vestibular tão rigorosa nas Universidades Públicas Brasileiras.
Não se questiona aqui, a qualidade do ensino oferecido pelos nossos vizinhos; a informação que se tem é que são altamente qualitativos. O problema maior para quem opta por esse tipo de formação é que não pode exercer a profissão de médico sem passar por um processo de revalidação de diploma no Brasil, que é muito complicado e rigoroso.
Para alguns, a opção no entanto, é fugir da validade do Diploma e passar a exercer a profissão como se médico o fosse. É aí onde entra o jeitinho brasileiro, a barganha e a negociata política.
Quem se “forma” nessas condições, na maioria dos casos, tem um pai ou parente amigo de algum prefeito, que praticamente o obriga a contratar, mesmo sabendo da gravidade da situação. Se não tem diploma validado no Brasil, não é médico e se não é médico, não pode exercer a profissão.
O caso da suposta falsa médica que atendia na UPA e no SAMU de Barra do Corda é bem mais grave.
De acordo com informações e prints que circulam nos grupos de Watsapp, é mostrado um Diploma em nome da “médica” e um receituário com carimbo, com aquilo que seria seu nome e aparecendo até um número de CRM. Os “investigadores” das redes sociais consultaram e descobriram que o registro está em nome de outra pessoa, esta sim, verdadeiramente médica, só que do Piauí.
O Blog de Adonias Soares ouviu um Secretário Municipal de Saúde na condição de anonimato, e este confirmou ser corriqueiro gestores municipais contratarem “médicos” sem o revalida em várias prefeituras da Região Central do Maranhão, o que não deixa de ser um crime por prática de exercício ilegal da profissão, que precisa ser investigado pelos Conselhos Regionais de Medicina e pela Polícia, punindo os eventuais transgressores. Se isso vier acontecer, o que é pouco provável, a população, penhoradamente, agradece.