Em um cenário de polarização política nacional, a contratação de Taynah Soares de Souza Camarão, esposa do vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão (PT), pela Prefeitura de Raposa — administrada pelo prefeito Eudes Barros (PL), partido de Jair Bolsonaro — chama atenção e levanta questionamentos sobre coerência ideológica.
Taynah foi contratada no início deste ano como médica psicóloga em uma unidade de saúde do município. Diferentemente das nomeações comuns, sua contratação se deu por meio de um contrato especial, modalidade que costuma garantir remuneração mais vantajosa em comparação aos cargos comissionados.
A trajetória profissional de Taynah já incluiu passagens pela Assembleia Legislativa do Maranhão, onde, durante a gestão de Othelino Neto, recebia cerca de R$ 13 mil. Mais recentemente, ocupou um cargo de médica na EMSERH (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), com salário de R$ 15 mil.
A contradição política
Nas eleições municipais de 2022, Felipe Camarão apoiou Laci (PSB), candidato adversário do atual prefeito Eudes Barros (PL). No entanto, no início deste ano, o vice-governador apareceu publicamente ao lado do prefeito durante a eleição da FAMEM (Federação dos Municípios do Estado do Maranhão).
Questionado sobre a contratação de sua esposa pela gestão do PL, Felipe Camarão afirmou que Taynah é uma “ótima profissional” e que não interfere em sua carreira. Sobre os possíveis conflitos políticos, o petista preferiu não se manifestar.
A situação expõe uma contradição: um político de esquerda, filiado ao PT, tem sua esposa vinculada a uma administração do PL, sigla associada ao bolsonarismo. Embora não haja indícios de ilegalidade, o caso reacende o debate sobre até que ponto as convicções políticas são ideológicas ou meramente estratégicas. Felipe Camarão é um esquerdista por princípio ou por conveniência? A pergunta fica no ar.