100 ANOS DE POVOAÇÃO DA MATA VELHA, MATA NOVA E DA VILA PEDRO II E 63 ANOS DE FUNDAÇÃO DE DOM PEDRO: 9 de Dezembro de 1952.

Por Marco Aurélio Gonzaga Santos

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Por volta de 1915 uma gleba de mata virgem pertencente ao Município de Codó iniciou a povoação de lavradores de outras plagas do Maranhão e homens e mulheres, especialmente do Ceará, Piauí e Pernambuco em busca dos campos verdes do Maranhão e fugindo da seca de que nos fala Raquel de Queiroz no seu clássico “O Quinze”, publicado em 1915. A população da sede Codó desde o início não se interessava muito pelo povoado, era como uma Fazenda distante com a qual não se deveria perder muito tempo nem recursos públicos, de modo que a influência da sede na povoação da Mata Velha foi modesta, e quando muito enviou algum capataz ou mesmo algum camumbembe como olheiro. Aa vida na Mata corria por conta da própria sorte, e desde os primórdios foi uma colônia de lavradores, pequenos produtores e comerciantes que vinha movidos por oportunidades e no faro das terras férteis e propícia a uma grande produção de arroz, milho e algodão, que depois se verificou e produziu muita riqueza.
Outra expressiva personalidade de nossa história foi Manoel Bernardino de Oliveira Fialho, nascido no Ceará em 1892 e morto na Mata Velha em 1942. Manoel Bernardino como era conhecido chegou no Maranhão por volta de 1900 passando pela cidade de Codó e Mirador. Depois morou por uns tempos no Povoado Palmas do antigo Curador e em 1916 fixou residência na Mata Velha. A Mata Velha crescia em povoação para onde vieram muitas levas de outros lugares do Maranhão, de outros estados, especialmente do Ceará, Piauí e Pernambuco, dentre os quais destacou-se Manoel Bernardino de Oliveira Fialho, que logo revelou-se o grande líder que era, um trabalhador e desbravador dessas plagas, que ajudou atrair homens e mulheres que vieram em busca de dias melhores. Um homem com uma inteligência e formação acima da média da população da época. No início do ano de 1922 ele e uma pequena comissão tiveram a coragem cívica de ir até a Codó no lombo de mulas representando a população para pedir que a Prefeitura contratasse uma professora para ensinar a população da Mata Velha a ler, escrever e fazer as quatro operações de contas. Em resposta ao pleito o prefeito de Codó, com o apoio do Governador Urbano Santos da Costa Araújo, provavelmente ainda no início do mês de janeiro enviou uma tropa policial comandada pelo tenente Henrique Dias, com a missão de “dar um corretivo” naquela população revoltosa, que apenas estava ávida e reinvincava, já naquela época, diga-se de passagem, por Educação para eles e seus filhos. O resultado foi o fuzilamento de trabalhadores inocentes nas mediações da Rua Velha próximo ao velho Pé de Tamarindo, que assistiu a tudo atônito, sem nada entender os motivos de tanta brutalidade e autoritarismo do poder constituído. Depois do acontecido a população veio a saber que Manoel Bernardino era comunista e revolucionário e correspondente da famosa Coluna Prestes e, que por isso, o Prefeito de Codó e o Governador do Estado lhe aplicaram “um corretivo”. A resposta do poder público, segundo diziam, era o combate pelo o Estado do movimento Revolucionário dos comunistas. Cerca de seis anos depois desse triste episódio, em 1928, foi fundada a primeira escola municipal, regida pela professora Guilhermina Chaves. Em 1931 a Mata já contava quase 1.000 habitantes e, por isso, foi eleva a categoria de Vila Pedro II, em homenagem ao Imperador do Brasil Dom Pedro II, segundo dados da Coleção de Monografias Municipais do IBGE.
A povoação deslocou-se da Mata Velha e expandiu-se rumo a Mata Nova que teve como primeiro habitante o Manoel do Nascimento. Por isso, a Mata Nova ficou conhecida depois como Mata do Nascimento. Esta região onde hoje fica cravado a sede do Município de Dom Pedro entre serras. Aqui as populações multiplicaram-se rapidamente porque esta gleba era rica em água, tinha muitas fontes e as terras da Mata Velha estavam já não tinham a mesma produtividade no cultivo de arroz, milho, feijão e algodão. A Mata Nova era abundante em recursos hídricos, inclusive a mais expressiva fonte de água é o Igarapé Machado, abandonado pelo poder público municipal, pela Câmara de Vereadores, pela sociedade como um todo, maltratado e entupido pela ignorância de alguns e a cobiça de tantos outros. É muito bom lembrar que o principal atrativo da povoação da Mata Nova, hoje Dom Pedro, foi recursos hídricos, água cristalina, de boa cepa. E curiosamente um dos maiores problemas da cidade hoje é exatamente a falta do líquido precioso. E mesmo assim continuamos entupindo o Igarapé Machado, outras fontes naturais de água indispensáveis ao equilíbrio de nosso município. Além da riqueza em água e boas terras, a Mata Nova ficava mais próxima dos Povoados Calumbi, Palma e evidentemente do Curador, hoje Presidente Dutra, que naquela época já era referência em curar doenças à moda antiga com remédios do mato e rezas.
A Mata Nova depois virou Vila Pedro II e já em 1950 contava com uma Escola, Agência Postal, Registro Civil, e o Ministério da Agricultura já havia instalado o Campo de Sementes Pedro II.
A Vila Pedro II crescia e se desenvolvia a partir da agricultura e do comércio. A produção de arroz, milho, feijão, babaçu, algodão impulsionava a economia e demografia até que rápido para os padrões da época, segundo os registros das Cidades Novas do Brasil, do IBGE.
A população da Vila Pedro II não tinha bons motivos para continuar vinculada a opressora Codó. Deu-se o início do movimento de emancipação tendo à frente homens de grande envergadura como Alcebíades Melo Lima, Lídio Brito, Francisco Franco Ribeiro, Abdom Braid, Jorge Carcamano, Raimundo Ribeiro Viana, Ananias Costa, dentre outros. A família Ribeiro teve como maior expressão Eurico Ribeiro, que além de deputado estadual foi o mais jovem Governador que o Maranhão já teve aos 28 anos. Os estudos que realizei até aqui me levam a crer que homem que mais contribuiu para a emancipação de Dom Pedro foi Alcebíades Melo Lima, que depois veio a ser o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores de Dom Pedro. Alcebíades soube muito bem conduzir a vontade do povo de libertar-se de Codó e construir um novo município no centro do Maranhão. A luta encontrou acolhida pelas mãos de Alcebíades junto ao Deputado Estadual Republicano Manoel de Oliveira Gomes, que que foi o autor do projeto de lei que se transformou na Lei n.º 815, de 9 de dezembro de 1952, sancionada pelo Governador Eugenio Barros. O município foi instalado em 1.º de janeiro de 1953 e o primeiro prefeito nomeado pelo Governador Eugênio Barros foi Lídio Brito, que ficou por dois anos à frente da municipalidade. Em 31 de janeiro de 1955 foi eleito o primeiro prefeito Ananias de Morais Costa e a primeira Câmara Municipal, a qual tinha a frente como Presidente o homem mais importante de que se tem notícia no processo de emancipação: Alcebíades Melo Lima, nome pouco conhecido das novas gerações, mas personagem essencial da transformação da Vila Pedro II em Dom Pedro. O jornal Folha do Maranhão Central tem os mais relevantes fragmentos da história de nosso Município publicados. O ano de 2015 estamos completando um século de povoação e 63 anos de emancipação. Viva Dom Pedro e viva o nosso Povo com paz e prosperidade.

(*) MARCO AURÉLIO GONZAGA SANTOS, dom-pedrense, advogado, político e professor da Universidade Federal do Maranhão no Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia (CCSST) em Imperatriz da Universidade Federal do Maranhão, atualmente licenciado para acompanhar esposa Deputada Estadual Valéria Macedo em São Luís/MA.

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