Parada do Orgulho Gay de São Luis: Luta pelos direitos dos Homossexuais ou Carnavalização do Movimento?

Por Márcia Andreia Soares da Silva

A homossexualidade desde muito tempo foi um tema polêmico e inaceitável e por isso nasceu, em 1997 em São Paulo, a tão sonhada Parada do Orgulho Gay, onde até então GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) lutavam por seus direitos de visibilidade nacional com o tema “Somos muitos, estamos em todas as profissões”. Desde então, essas paradas se disseminaram por todo país e invadiram desde o mundo das novelas até nossa realidade. E claro, chegando em nossa querida capital, que é a última a se organizar numa comunidade para realizar esse tipo de evento (Grupo GAYVOTA).

Muito mudou no decorrer desse tempo, tanto na maneira da sociedade encarar essa visibilidade, que na atualidade é com desdém e agressão física e moral, até na maneira com que os homossexuais aceitaram ser chamados, agora de comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis e transexuais). Nossa, quantos nomes! O que realmente quer dizer somente e novamente que: são muitos e estão em todos os lugares. A diferença é em um único fato: A abordagem. O tema da atualidade é a Homofobia e sua criminalização.

Mas este artigo não é criminal e sim político.

O que encontramos, hoje, nas ruas de São Luís no dia da Parada do Orgulho Gay, não é pra ser de tanto orgulho. A pergunta que me faço: Sim! Onde está NISSO a luta pelo FIM da homofobia?! Será nas fantasias gigantescas e nas maquiagens pesadas? Ou nas diversas luzes e nos homens e mulheres dançando desnudos em um trio elétrico com música alta?

Cadê? As faixas e os microfones onde se ouvia gritos de apelo por direitos iguais, por aceitação, pelo fim da discriminação e da marginalização do homossexual? Será se isso se desintegrou nos diversos nomes encontrados para chamar cada tipo de GAY?! A comunidade mesmo se tipifica e espera que a sociedade aceite de bom grado seus estardalhaços e atos CARNAVALESCOS?

Esse artigo não é preconceituoso, é de ajuda à comunidade GLS. A realidade é que estão carnavalizando a Parada Gay porque isso a torna mais “divertida” e arrecada mais pessoas. Porém quantidade não é qualidade, pois é muito simples se divertir, basta sair, beber e dançar, mas e a LUTA PELA CAUSA? Não são de todos. De óbvio não se pode generalizar. Mas estes estão por destruir a imagem e tudo que a comunidade LGBT tanto quer alcançar: Direitos Iguais. É um desserviço a eles próprios. As milhares de pessoas na AV. Litorânea deveriam tentar conquistar os corações de pessoas para sua causa e não mostrar-se numa excessividade de valores estéticos, ultrajantes e NEGATIVOS.

Deveria haver mais PASSEATAS e não PARADAS! Pois passeatas são por luta de direitos, são por fim de discriminações e preconceitos. Paradas são eventos carnavalescos escandalosos que só ajudam á frases cruéis de um Jair Bolsonaro qualquer.

Ninguém precisa ser DIFERENTE para ser GAY.

Basta ser sua própria imagem, sem fantasias, sem rodeios. Ser GAY, porque não? O que de ultrajante tem em ser chamado SOMENTE assim? Pra que tantas nomenclaturas?

Ajudem-se a ajudar a si mesmos. Ser Gay SIM e não uma personagem maquiada de si mesmo.

Márcia Andreia Soares da Silva é Acadêmica do Oitavo Período de Estudante de Direito.

7 Responses

  1. Nunca tive notícias que em outro país do mundo políticos e lideranças evangélicas fossem chamadas para propor uma lei que beneficie a comunidade gay.

    Minorias – como a de gays, de negros, de mulheres – protagonizaram suas próprias reinvidicações e as fizeram valer, mesmo que isso demorasse gerações.

    Imagine se a lei do racismo fosse escrita pela Ku Kux Klan. Ou que para escrever a lei Maria da Penha tivesse sido consultado o cantor Netinho.

    Pois é isso que está acontecendo no Brasil com o PLC 122. Como a lei anti homofobia não conseguiu avançar um centímetro dentro do Senado, a relatora Marta Suplicy foi até as lideranças evangélicas da casa – senadores Magno Malta e Marcelo Crivella, os grandes opositores do PLC 122, além do “moderado” Demóstenes Torres, do DEM – e costurou um acordo para um novo texto que substituirá o PLC 122.

    Eu li o novo texto.

    Ele torna crime e tipifica crimes de fundo homofóbico (em casa, no trabalho, na repartição pública…).

    Mas, claro, não versa em momento algum sobre a ofensa moral. Piadinha com gays? Pode. “Exorcizar” gays no palco da igreja e transmitir na TV? Tá permitido. Falar que gays são filhos do capeta? Nossa, claro que pode.

    O que significa que os motivadores de toda violência homofóbica estão absolutamente liberados.

    Só bater, espancar e matar é que não pode.

    Pode-se criar um ambiente homofóbico generalizado (ou vai dizer que a tiazinha que vê na TV alguém sendo exorcizado por ser gay não gera uma ideia errônea sobre a homossexualidade), mas deve-se permitir que os gays vivam nesse ambiente.

    Quer dizer: que sobrevivam neste ambiente, que sofram por sua suposta “escolha”, mas que não morram, pelo amor de deus, afinal, só “deus pode matar”.
    Essa nova lei não modifica em nada a cultura homofóbica vigente no Brasil, ela apenas penaliza seus ultra-radicais, os que passaram do limite.

    Mas a homofobia diária e constante continuarão perfeitamente permitidas em lei.

    E com um agravante: depois de tanto desgaste político, vai ser difícil alguém querer nesse vespeiro novamente.

    Devo assumir aqui que tenho grande admiração pela Marta Suplicy e também que ela merece meu voto de confiança.

    Mas seria omisso se não dissesse o que acredito ser um erro histórico: no afã de se aprovar uma lei anti-homofobia (que de fato é urgente) e na impossibilidade de aprovar o PLC 122 (o que é fato notório), recorre-se a uma aliança sem sentido.

    Será que essa mesma aliança poderia ser feita para aprovar o casamento civil entre homossexuais?

    É claro que não. Essa aliança diz o seguinte: “olha Marta, você tem sua lei. Olha evangélicos, matar bicha não pode né, a gente é a favor da paz.”

    Eu publiquei na segunda-feira última em primeira mão que o PLC 122 tinha sido arquivado.

    Recebi mais um daqueles bullying cibernéticos que estou mais que acostumado e dos quais tenho a menor sensibilidade.

    Depois o gabinete da Marta enviou uma carta de esclarecimentos em que ela dizia que nunca tinha falado em “arquivamento”. Publiquei a carta na íntegra.

    Na terça-feira a senadora concedeu uma entrevista ao Mix dizendo que o PLC 122 não havia sido arquivado mas estava quieto (nas palavras delas).

    Hoje chegou o novo texto com a seguinte título: “Emenda CDH – Substitutivo do PLC 122”. Marta diz que o PLC 122 está “quieto”, o novo texto é um “substitutido”.

    Se isso não é estar arquivado, o que seria então?

  2. Philipe Valois, a verdade é que, desde a criação das cotas para ingresso em faculdade, o Brasil descobriu que a melhor maneira de se redimir pelos preconceitos pré-ensinados á sociedade é “forçar” a criação de Leis. E isso acaba por marginalizar o resto da soceidade que também se torna alvo de preconceitos. Ora, um negro de boa formação é menos inteligente que um branco?! E com a PL-122, ora, é contra ataques físicos? Inclua em lesões corporais.
    Se vamos partir para criação de Leis para todo e qualquer tipo de atrocidade cometida pelo ser humano, eu ROGO que reformem então o Código Penal Militar para que haja penas mais severas contra Militares que matam inocentes como o menino Juan.
    BRASIL vamos primeiro olhar para as impunidades que já estão feitas e precisam ser remediadas e não criar mais e mais, para lavar as mãos do governo: “já fiz minha parte, agora é com a sociedade”!

    A verdade é que o país não está preparado para astear a bandeira de IGUALDADE!

  3. A quem interessar,

    – pausa explicativa – remeto meu comentario dessa forma para que nao haja qualquer tipo de intitulaçoes homofobicas ou preconceituosas de qualquer forma, haja vista, referindo meu comentario diretamente a qualquer pessoa. Caso de duvidas, e como exemplo para um melhor entendimento leia o artigo 8 da PL 122.

    Falando serio, concordo com o comentario acima, e acho errada essa forçada legalização, daqui a pouco, ou se acaba com todas as leis e vivemos so dos costumes ou robotizamos nossa sociedade. Nao quero dizer que deve-se aceitar atos de ignorancia que é a pratica de preconceitos, mas nao criar um lei pra cada espirro que incomoda. Um ato isolado (ou dois ou tres) nao retrata o que é a sociedade de bem.

    Mas voltando ao post, ta de brincadeira, achar que tocar hits do momento (a palhaça) da lady gaga e trazer go go boys/girls para fazer apresentaçoes em cima de trios eletricos, sendo os novos puxadores do bloco (leia-se classe, grupo, minoria ou qualquer outro sinonimo) vai realmente fazer com que haja qualquer tipo de melhorias! Uma sugestao, nao seria melhor, cobrar ingressos e tal e ter condição de contratar uma empresa de segurança pra ter uma melhor cobertura, melhor apoio, tirar uma renda extra, contrata alguma banda de verdade, nao ter apenas Dj’s! Olha ai, de se pensar!

    No Maranhao por ser a mais nova parada gay, ja ta aprendendo errado com um irmao(a) mais velho(a) que é a de Sao Paulo, tem mais gente querendo ter seu minuto de fama do que realmente ter respeito perante os inabeis!!!

    abraços

  4. Se uma estudante de direito diz que não há igualdade no país, então suponho que devemos cruzar os braços e apanhar feito cachorro sarnento…

  5. Um homem de 42 anos teve metade da orelha decepada após ser agredido por um grupo de jovens na madrugada de sexta-feira (15), no recinto da Exposição Agropecuária Industrial e Comercial (EAPIC), em São João da Boa Vista. Os agressores pensaram que ele e o filho fossem um casal gay, pois estavam abraçados.

    O homem, que preferiu não se identificar, ainda está traumatizado. Ele contou que depois de um show um grupo de sete jovens se aproximou e perguntou se os dois eram gays.

    Ele disse que explicou que eles eram pai e filho e, mesmo assim, houve um princípio de tumulto. Os rapazes foram embora, voltaram cinco minutos depois e começaram a agredir os dois. Um deles teria mordido a orelha do pai, decepando parte dela. “Na hora que eu acordei as pessoas diziam que eu estava sem a orelha”, explicou.

    Ambos foram levados para a santa casa, onde foram atendidos e liberados. O filho teve apenas ferimentos leves.

    O delegado do 1º Distrito da Polícia Civil de São João Boa Vista, Fernando Zucarelli, disse que foi aberto um inquérito e que já está tentando identificar os possíveis autores. A homofobia, que é a aversão a homosexuais, ainda não consta como crime no código penal brasileiro, mas, além da agressão, os jovens também podem responder por discriminação.

    A organização da EAPIC informou que havia 150 seguranças, além da Polícia Militar, durante toda a festa e que vai colaborar com a polícia para a identificação dos agressores.

    Para que uma lei contra a homofobia, não é mesmo??

  6. Philipe Valois, você me interpretou muito mal. Eu quis dizer que o governo quer a qualquer custo lavar as mãos quanto á isso. O que de fato não está ocorrendo é um diálogo profundo sobre esta Lei, por isso arquiva e desarquiva e estão logo gritando “pronto.somos iguais.” e não é assim. Não se consegue igualdade com uma simples Lei. Digo isso porque tenho COMPETENCIA para tanto, pois estudo Leis e sei que MUITAS foram simplesmente feitas e pouco são trabalhadas na sociedade. A lei do Idoso, Lei dos deficientes..a maioria está empoeirada.
    Deve haver uma Lei SIM, porque não?! Mas desde que seja trabalhada com a sociedade e as AUTORIDADES.
    Me explica, do que adianta aprovar uma Lei em que o indivíduo vai preso, mas aí vamos ver um juíz julgando: “bons antecedentes, ensino superior, filho de rico..haa..paga fiança e sai daqui”

    Me diz o que VOCÊ faz para que haja igualdade na sociedade?! você faz caridade, divide seu lixo, trata bem sua vizinhança, ISSO NÃO É IGUALDADE, isso é sua obrigação de cidadão.

    IGUALDADE meu caro está muito mais além do que você “acha” que é certo.
    Se um país em que pessoas ainda morrem de fome enquanto outras, como NÓS, estão tomando drinks nos finais de semana, num país em que governos pegam dinheiro para refazer cidades destruídas pelas chuvas e colocam no bolso, num país em que se gasta MILHÕES numa copa do mundo enquanto não se tem um real para colocar remédios em redes públicas de saúde…se um país assim é ter IGUALDADE para você, peço desculpas, mas não sabia que você não morava no Brasil.

    É isso que ainda me indigna, o que me deixa mais triste, é que estão esquecendo de tudo isso, enquanto o assunto do momento é esse.

    Não sou contra homosseuxuais e nem contra o PL-122, só que antes de ser votado e aprovado deve ser discutido e trabalhado para não entrar numa lista extensa de leis sem eficácia nenhuma.

  7. MARIA.. bom se vamos colar casos de agressões e assassinatos eu tenho MUITOS E MUITOS para colocar aqui. E não é só de preconceito não, tenho casos de assassinatos de mulheres por seus companheiros, E ELAS TEM UMA LEI. Tenho casos de preconceito contra negros, E ELES TEM UMA LEI. Tenho casos de idosos maltratados e deixados em cama de hospital, E ELES TEM UMA LEI. Ah, já ia esquecendo, tem descasos com deficientes também, E ELES TEM UMA LEI INTERNACIONAL.

    Por favor, as pessoas estão indo na moda do governo. Aproveita MARIA, e se aprofunde na PL-122, leia a fundo, artigo por artigo. E leia as outras Leis do Brasil também, informação nunca é demais.
    É então que você descobre quanta coisa está fora do lugar e a sociedade só dá valor quando passa na Globo.

    E mais uma vez, não sou contra Lei nenhuma, aliás, eu quanto estudante e futura advogada deveria querer mesmo mais Leis, porque seriam mais clientes e mais dinheiro. Mas a minha realidade é outra.

    Pessoas morrem todos os dias como indigentes. Assassinados, espancados, massacrados.. E seus assassinos estão soltos, ou foram presos e foram beneficiados pelo regime aberto. E a maioria não precisou ser Homossexual para isso.

    Egoísmo seu achar que pessoas só espancam gays não é verdade?

    Mais uma vez, o que tem que realmente ser mudado é muito mais complexo e está por debaixo de todas essas Leis criadas para mascarar a verdade.

    Já dizia o saudoso Shakespeare “Há algo de podre no reino da dinamarca” e aqui no nosso país não é diferente.

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