Envolvimento em crimes de encomenda pode explicar assassinato de ex-prefeito de São José dos Basílios

CASO ‘CHICO RIOGRANDENSE

Logo após a morte do ex-prefeito de São José dos Basílios Francisco Ferreira de Sousa ocorrida há pouco mais de uma semana, começam a aparecer indícios dos reais motivos do assassinato de Chico Riograndense como era mais conhecido. Acompanhe a seguir matéria do Jornal Pequeno.

POR OSWALDO VIVIANI

O envolvimento do ex-prefeito Francisco Ferreira Sousa, o ‘Chico Riograndense’, de 69 anos, com crimes de encomenda em São José dos Basílios (a 396 quilômetros de São Luís) pode ter sido a motivação de seu assassinato, ocorrido, na manhã de sábado (7). ‘Chico Riograndense’ – gestor de São José dos Basílios por dois mandatos (2001 a 2004, pelo PP, e 2005 a 2008, pelo PFL) – foi morto com 5 tiros de pistola calibre 380, disparados pelo ‘garupa’ de uma moto prata, à altura do Povoado Poção, quando o ex-prefeito voltava de carro de uma das fazendas que possuía na região. O Jornal Pequeno apurou que em ao menos 7 assassinatos, ocorridos desde a década de 90, ‘Chico Riograndense’ apareceu como suspeito de ser mandante ou de ter envolvimento com supostos mandantes. A acusação chegou ao JP por meio de militantes de movimentos sociais que atuam na região maranhense dos Cocais.

As vítimas dos homicídios, segundo a denúncia que chegou ao JP, foram:

‘Zezim Capeta’ (ex-‘prestador de serviços’ de ‘Chico Riograndense’, morto a tiros por dois pistoleiros em 1994; cobrava uma dívida do ex-prefeito;

Rubem (filho de ‘Zezim’, investigava o assassinato do pai; Rubem e um homem que estava com ele foram mortos a tiros);

‘Chiquinho Borges’ (irmão do ex-prefeito Wilson Borges, espalhava em São José dos Basílios não ter medo de ‘Riograndense’; outro homem que estava com Borges numa moto também foi morto; ambos, a pauladas);

Pedro Mendes (também assassinado a pauladas, no Povoado Mucunã, dias depois de discutir com ‘Chico Riograndense’ por causa de um terreno);

‘Pires’, do município de Dom Pedro (morto a tiros; cobrava um débito de ‘Chico Riograndense’);

Josemir (morador do Povoado Altamira; trabalhou num posto de combustíveis de ‘Riograndense’, localizado no Povoado Serra do Dico, e, ao ser demitido, levou o ex-patrão à Justiça do Trabalho; foi morto a tiros).

Todos esses casos devem fazer parte da investigação sobre o assassinato de ‘Chico Riograndense’, que desde segunda-feira (9) está a cargo do delegado Edmar Cavalcante, titular da Regional de Presidente Dutra.

Retrato falado – De acordo com a delegada Karla Simone Saraiva, que participou das investigações preliminares, os dois matadores do ex-prefeito terão seus retratos falados confeccionados ainda nesta semana, baseados no depoimento do trabalhador rural Loriel Pereira da Silva, que estava no Fiat Strada conduzido por ‘Riograndense’ quando o veículo foi atacado. Loriel foi baleado num dos braços, mas sem gravidade. Ele já informou à polícia as principais características físicas dos pistoleiros, que não usavam capacetes. Todos os tiros que acertaram ‘Chico Riograndense’ – quatro na cabeça e um no ombro – foram efetuados com a moto e o carro em movimento, segundo Loriel. Atingido, o ex-prefeito perdeu o controle do carro e saiu da estrada, indo parar num matagal.

A motivação do assassinato – cuja linha principal de investigação da polícia é crime de encomenda, já que nada foi levado da vítima – ainda é desconhecida. O motivo pode ser vingança, pelos assassinatos em que o nome da vítima foi envolvido, ou disputa política, já que ‘Chico Riograndense’ pretendia candidatar-se a prefeito nas eleições deste ano – agora, pelo PDT, partido ao qual se filiou no ano passado.

Natural de Pedreiras (MA), Francisco Ferreira Sousa, o ‘Chico Riograndense’, era considerado uma espécie de ‘coronel’ político de São José dos Basílios. Depois de se eleger por dois mandatos consecutivos, ele conseguiu fazer, em 2008, seu sucessor, João da Cruz Ferreira, o ‘João das Crianças’ (PDT), 49 anos.

O corpo de ‘Chico Riograndense’ foi sepultado na tarde de domingo (8), no Cemitério São João Batista, em Dom Pedro.

Visitado em junho de 2010 pelo JP na Estrada, São José dos Basílios é um dos municípios mais pobres da região maranhense dos cocais. A má gestão e o coronelismo sucateiam o município, que abriga pouco mais de 7 mil habitantes.

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